Estudo revela que 1 em cada 4 brasileiros vive sob domínio de facções

Um em cada quatro brasileiros vive em áreas controladas por facções criminosas, segundo o estudo “Governança Criminal na América Latina: Prevalência e Correlatos”, publicado pela Cambridge University Press com base em dados do Latinobarómetro de 2020.

O levantamento estima que entre 50,6 e 61,6 milhões de pessoas — o equivalente a 26% da população — estejam submetidas à chamada “governança criminal”, situação em que organizações impõem regras que regulam desde a convivência social até disputas eleitorais.

Na América Latina, a média de cidadãos sob esse tipo de controle é de 14%. Após o Brasil, os países mais afetados são Costa Rica (13%), Honduras (11%), Equador (11%), Colômbia (9%), El Salvador (9%), Panamá (9%) e México (9%).

O papel do PCC

O estudo mostra que a governança criminal pode, em alguns casos, contribuir para a redução da violência, mas também é capaz de desencadear confrontos de grande escala. Em São Paulo, a queda no número de homicídios nos anos 2000 foi associada ao fortalecimento do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Os pesquisadores rebatem a tese de que facções surgem apenas em regiões de ausência estatal. “As facções nasceram no Rio e em São Paulo, estados com forte presença do poder público. A mais influente delas, o PCC, se consolidou na unidade federativa mais rica do país”, ressalta a análise.

Números podem ser maiores

Os autores alertam que a realidade pode ser ainda mais grave, já que o acesso de pesquisadores a comunidades dominadas por facções é restrito. Além disso, a metodologia considera apenas práticas centrais da governança criminal, sem abranger todas as formas de atuação.

Com isso, o estudo conclui que o Brasil se consolidou como o principal polo da governança criminal na região, com impacto direto na vida de dezenas de milhões de cidadãos.

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