O Congresso da Aviação Agrícola do Brasil realizado de 19 a 21 de agosto, no Aeroporto Executivo de Santo Antônio de Leverger (MT), cresceu 20% em relação ao ano passado com a presença de mais de 200 marcas, incluindo expositores dos Estados Unidos, Canadá e Colômbia e teve cerca de cinco mil participantes.
Realizado pela segunda vez em Mato Grosso, que lidera o ranking de Estado com o maior número de aviões agrícolas – 749 aeronaves de um total de 2.722 aviões registrados no Brasil, o congresso reuniu empresários do setor e contou com palestras técnicas, demonstrações aéreas (simulando aplicações em lavouras, operações de combate a incêndios florestais e show de acrobacias), expositores e visitantes de mais de 12 países.
No primeiro dia, um dos destaques foi o debate “Um olhar para o futuro: os impactos das taxações americanas no setor aeroagrícola do Brasil”.
Segundo o economista Claudio Junior Oliveira Gomes, diretor operacional do SINDAG (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), uma das maiores preocupações do setor, neste momento, é a possibilidade da aplicação da Lei de Reciprocidade pelo Brasil. Se isso acontecer, o receio é que todos os equipamentos dessas aeronaves sejam taxados.
“A taxação impacta indiretamente o setor aeroagrícola. Isso porque a aviação agrícola atende setores que são afetados”, explica o economista.
O Sindicato aponta que, segundo fabricantes de aeronaves agrícolas dos Estados Unidos, o Brasil foi o maior cliente mundial no ano passado.
Durante o evento, dois caminhos foram apontados para o atual cenário. “Foram discutidas possibilidades de investimentos de longo prazo e controle de caixa para sanar problemas indiretos”, afirma.
Outro destaque foi o lançamento da Associação das Mulheres da Aviação Agrícola (AMAG), que nasceu a partir da necessidade do mercado de reunir pilotas, advogadas, administradoras e gestoras operacionais, entre outras áreas, da aviação agrícola.
A palestra do ex-jogador Hélio Hermito Neto Zampier — sobrevivente do acidente aéreo que vitimou a equipe da Chapecoense, em 2016, também foi destaque no Congresso.
Neto falou de sua trajetória e contou que foi encontrado oito horas depois da queda, ainda com vida, mas em estado crítico. “Tinha traumatismo craniano, coluna quebrada, joelho destruído e pulmão estourado”, relata.
“Eu não sou melhor do que muitos que se foram. É importante valorizar o próximo porque tudo pode acabar de repente”, avalia. Durante a palestra, ele falou ainda de resiliência e valorização das amizades. “Valorizem as pessoas que estiveram ao lado de vocês desde o início da jornada”, disse aos participantes.
Infraestrutura
O aeroporto conta com uma pista de 1.800 metros, 11 hangares, oficina de aeronaves a pistão, oficina de helicóptero, táxi aéreo, corpo de bombeiros, abastecimento e balizamento noturno, além de poder operar 24 horas e com capacidade de atender pequeno, médio e grande porte de aeronaves executivas.
O aeroporto é 100% murado, conta com uma sala VIP moderna, com suítes, sala de descanso para comandantes, sala de plano de voo e sala de reunião.
Durante o evento, foi inaugurado um espaço multiuso, que pode ser utilizado como restaurante ou para eventos. O espaço foi projetado pela arquiteta Fernanda Machado.
Segundo ela, o maior desafio foi encaixar na estrutura do prédio um boing que futuramente vai abrigar um lounge bar.
“O cliente queria algo que realmente remetesse a cidade de Santo Antônio. Assim, trouxemos detalhes na marcenaria com o perfil do Morro de Santo Antônio que é super conhecido, muitos elementos naturais,
e pedras naturais em algumas mesas nos tons de verde. Tecidos fluídos, cortinas nas vidraças, sofás também com um tecido de veludo verde, bem natural e elegante. Trouxemos ainda plantas de verdade para remeter aos nossos biomas Pantanal e Cerrado, com essa vibração boa da natureza”, destaca.
O espaço possui 724 metros quadrados e conta com salão, varanda, espaço para churrasco, cozinha e banheiros.