A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quarta-feira (30), a Operação Sepulcro Caiado, com o objetivo de desarticular um esquema de fraudes em processos judiciais que pode ter causado um prejuízo superior a R$ 21 milhões aos cofres públicos. A ação conta com apoio do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e ocorre simultaneamente em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Marília (SP).
Ao todo, foram expedidas mais de 160 ordens judiciais, incluindo 11 mandados de prisão preventiva, 22 mandados de busca e apreensão, bloqueios judiciais que somam R$ 21,7 milhões, quebras de sigilo fiscal e bancário, além do sequestro de 18 veículos e 48 imóveis.
Esquema envolvia advogados, empresários e servidores públicos
Segundo a Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, o grupo criminoso atuava com ações judiciais falsas, simulando o pagamento de dívidas com comprovantes bancários forjados. Com apoio de um servidor do TJMT, os valores eram transferidos da conta única do Tribunal para contas processuais específicas, viabilizando a liberação de alvarás fraudulentos.
As investigações identificaram ao menos 17 processos falsos protocolados entre 2018 e 2022. O esquema teria sido inviabilizado a partir de 2023, após o TJMT alterar sua metodologia de movimentação financeira interna.
Vítimas e irregularidades
As fraudes atingiram empresários e cidadãos comuns, muitos dos quais só descobriram os processos ao verificarem cobranças judiciais por dívidas que nunca contraíram — ou cujos valores haviam sido inflacionados de forma fraudulenta. Em alguns casos, empréstimos de menos de R$ 100 mil foram registrados como dívidas “quitadas” de até R$ 1,8 milhão. Em um dos episódios mais graves, uma pessoa interditada judicialmente foi usada como vítima.
O grupo também forjava documentos, inseria advogados falsos como representantes das vítimas e utilizava uma rede de empresas e contas bancárias para lavar os valores desviados.
Investigação segue em andamento
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso colaborou diretamente com a apuração, fornecendo dados internos que auxiliaram na identificação dos envolvidos e na desmontagem do esquema. A Polícia Civil informou que as investigações continuam e podem revelar um número ainda maior de processos e suspeitos
Os alvos presos na operação foram identificados como Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos Moraes, João Gustavo Ricci Volpato, Luiza Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Mauro Ferreira Filho e Denise Alonso.