A Polícia Civil de São Paulo apreendeu um adolescente de 17 anos que, sozinho ou com apoio de cúmplices, conseguiu aplicar uma sequência de furtos em condomínios de alto padrão por todo o Brasil, acumulando prejuízos estimados em mais de R$ 30 milhões.
O caso ganhou repercussão nacional após ser exibido pelo programa Fantástico, da TV Globo, no domingo (29).
De acordo com as investigações, o jovem, natural de São Paulo, usava uma combinação de roupas de marca, fones de ouvido e confiança no comportamento para se passar por morador dos edifícios.
O disfarce era complementado, em alguns casos, por perucas ou símbolos religiosos, como quipás. Sua atuação foi registrada em ao menos seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Mato Grosso onde também fez vítimas em condomínios de luxo.
As imagens de segurança mostram que ele entrava nos prédios com naturalidade impressionante. Aguardava distrações, aproveitava portas abertas por moradores ou mesmo convencia porteiros com boa lábia e ameaças veladas, apresentando-se como parente influente. Em um dos casos, tentou invadir o prédio de Fábio Wajngarten, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não teve sucesso.
O padrão de furto era cirúrgico: o adolescente sabia onde procurar joias, dólares, cofres e relógios de luxo, ignorando objetos de menor valor. Em Foz do Iguaçu (PR), por exemplo, levou sozinho R$ 6 milhões em joias e dinheiro vivo.
Desde os 13 anos, o jovem já vinha sendo apontado por envolvimento em crimes semelhantes. Foi apreendido aos 14 por arrombar o apartamento da médica Ludhmila Hajjar, onde subtraiu joias de alto valor. Após cumprir um ano e nove meses na Fundação Casa, voltou às ruas e ao crime com ainda mais sofisticação.
Na atual fase da investigação, a polícia confirmou que o adolescente vivia sozinho num imóvel de luxo e utilizava um carro de alto padrão para se deslocar. Parte dos bens furtados era repassada a receptadores, o que indica participação em uma rede criminosa mais ampla.
Especialistas em segurança predial alertam para a necessidade de reforçar o controle de acesso, treinar porteiros e manter vigilância rigorosa mesmo com visitantes aparentemente inofensivos. “Não existe mais ‘cara de bandido’”, disse o delegado Fábio Sanchez Sandrin, responsável pelo caso.
O adolescente está novamente internado e, segundo a Polícia Civil, deverá permanecer sob custódia até completar 21 anos.