Justiça autoriza transferência de executor de advogado para ala evangélica na PCE

A Justiça de Mato Grosso autorizou a transferência de Alex Roberto de Queiroz Silva, responsável pelo disparo que matou o advogado Renato Gomes Nery, em julho de 2024, da ala de isolamento (Raio 8) para a ala evangélica (Raio 1) da Penitenciária Central do Estado (PCE). A decisão foi proferida pelo juiz Francisco Ney Gaíva, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, após a defesa alegar que o detento vinha sofrendo constrangimentos e que o ambiente religioso seria mais adequado para sua segurança e ressocialização.

O advogado Renato Nery foi baleado na manhã de 5 de julho do ano passado, em frente ao próprio escritório, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Sete disparos foram efetuados contra ele, sendo um na cabeça. A vítima chegou a passar por cirurgia, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.

Conforme as investigações da Polícia Civil, o crime foi executado por Alex a mando do 3º Sargento da Polícia Militar Heron Teixeira Pena Vieira, dono da arma utilizada. O caso revelou ainda o envolvimento do casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, que disputava judicialmente uma área de terras com a vítima e foram apontados como mandantes.

Alex havia sido mantido em isolamento no Raio 8, sob ordem judicial, para resguardar sua integridade e preservar as investigações em andamento. Com a conclusão do inquérito, a própria autoridade policial reconheceu que não havia mais justificativa para sua permanência isolada. Na decisão, o juiz destacou que o isolamento é medida excepcional e deve ser aplicada apenas em situações específicas e fundamentadas.

A motivação e a trama criminosa

A execução de Renato Nery ocorreu em meio a uma antiga disputa judicial por uma área de 2.579 hectares, localizada no leste de Mato Grosso. De acordo com o inquérito, o casal mandante contratou Jackson, vizinho deles em Primavera do Leste, que intermediou a contratação de Heron Teixeira, responsável por terceirizar a execução para seu próprio caseiro, Alex.

Outros policiais militares também figuram no caso. Os soldados Ícaro Nathan Santos Ferreira, Leandro Cardoso, Wekcerlley Benevides de Oliveira, o cabo Wailson Alessandro Medeiros Ramos e o sargento Jorge Rodrigo Martins foram denunciados por simular um confronto e inserir a arma do crime na cena, numa tentativa de obstruir as investigações.

Dezoito dias antes de ser assassinado, Nery havia denunciado à OAB suposto conluio envolvendo o advogado Antonio João de Carvalho Junior e outros profissionais, em meio ao litígio pela posse das terras. As investigações confirmaram que o crime foi encomendado por conta da disputa agrária, após perícias constatarem a falsificação de assinaturas em documentos referentes à área.

Família de Nery encerra disputa judicial

Após o crime, a família de Renato Nery optou por encerrar o processo judicial movido por ele. Em nota, os herdeiros justificaram a decisão pelo desejo de preservar a segurança e a tranquilidade da família em meio ao luto e à fragilidade emocional. O acordo com a parte adversa foi homologado pela Justiça na última semana, encerrando formalmente um litígio que se arrastava há décadas.

Segundo os familiares, a medida também visa assegurar o bem-estar dos envolvidos e evitar a continuidade de um conflito que resultou em consequências trágicas.

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