Nota do governo Lula sobre ataques ao Irã isola Brasil e tensiona relações com aliados

O posicionamento oficial do governo brasileiro, que condenou os ataques realizados pelos Estados Unidos e Israel contra instalações nucleares iranianas, provocou novos questionamentos sobre o rumo da diplomacia nacional e os custos de uma postura que se distancia de antigos aliados ocidentais.

Em nota divulgada pelo Itamaraty, o Brasil classificou as ações como uma “flagrante violação do direito internacional”. A retórica reitera a linha crítica do governo Lula em relação a Washington e Tel Aviv, aproximando o país, na prática, de regimes autoritários como Rússia, China e o próprio Irã — todos em conflito direto ou indireto com a ordem global estabelecida.

A declaração gerou preocupações nos bastidores diplomáticos e econômicos. Isso porque a crítica pública a dois dos principais parceiros comerciais brasileiros ocorre em um momento delicado, no qual o país depende de acordos com Estados Unidos e União Europeia, ambos incomodados com o que consideram uma neutralidade seletiva de Brasília.

Para especialistas em relações internacionais, a insistência do Planalto em sustentar um discurso de não alinhamento perdeu eficácia. “O mundo está polarizado, e a retórica de neutralidade não se sustenta mais quando seletiva. Isso enfraquece o Brasil e compromete sua credibilidade”, avaliou uma fonte ligada à diplomacia brasileira.

Além do desgaste político, há riscos econômicos concretos. A tensão crescente no Oriente Médio e a ameaça iraniana de fechar o Estreito de Ormuz pressionam os preços internacionais do petróleo. O Brasil, que ainda depende fortemente de combustíveis fósseis, pode sofrer com a alta da energia e de custos logísticos, com impacto direto na inflação e na competitividade de sua produção.

Internamente, o governo também acumula críticas ao usar a diplomacia como extensão de sua narrativa ideológica, deixando de lado o pragmatismo que historicamente marcou a política externa brasileira. A nota oficial condenou os ataques israelenses e americanos, mas ignorou os riscos representados pelo programa nuclear iraniano e os ataques anteriores lançados de Teerã — postura que reforça a percepção de parcialidade.

O saldo imediato é um isolamento crescente. O Brasil vê sua posição tradicional de mediador em crises internacionais esvaziada, com menos margem de manobra em fóruns multilaterais e negociações comerciais estratégicas.

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