Fed estuda mudar estratégia e admite que choques de oferta podem ser mais frequentes

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou nesta quinta-feira (15) que o banco central dos Estados Unidos precisa reconsiderar os fundamentos de sua política monetária, diante da possibilidade de choques de oferta mais frequentes e duradouros nos próximos anos.

Durante a abertura de uma conferência em Washington, Powell reconheceu que o ambiente econômico global mudou desde 2020 — quando o Fed adotou uma estratégia mais flexível para estimular o mercado de trabalho e aceitar uma inflação temporariamente acima da meta de 2% após a pandemia. Mas o surto inflacionário que se seguiu à reabertura das economias, com preços em alta e problemas nas cadeias produtivas, colocou essa política em xeque.

“Podemos estar entrando em um período de choques de oferta mais frequentes e potencialmente mais persistentes — um desafio difícil para a economia e para os bancos centrais”, afirmou Powell.

Segundo ele, a atual estrutura do Fed será revisada para que sua política seja robusta e adaptável a diferentes cenários. Powell destacou ainda que a ideia de tolerar inflação acima da meta “se mostrou irrelevante” após os índices próximos de dois dígitos registrados no pós-pandemia.

Apesar disso, o chair do Fed comemorou o resultado recente de desinflação sem recessão — o chamado “pouso suave” — que surpreendeu parte do mercado. Ele afirmou esperar que o índice PCE, a principal medida de inflação ao consumidor nos EUA, tenha recuado para 2,2% em abril, sem ainda considerar os efeitos das novas tarifas comerciais.

As discussões em andamento indicam que o Fed deve abandonar conceitos como a “insuficiência de emprego” e repensar seu compromisso com a meta de inflação média, pontos centrais da estratégia reformulada há cinco anos. “Garantiremos que nosso novo comunicado seja sólido diante de uma ampla gama de ambientes e desenvolvimentos econômicos”, disse Powell.

A conferência segue até sexta-feira e deve orientar as futuras diretrizes do banco central americano para um cenário mais incerto e volátil.

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