Investigadores da Polícia Federal (PF) apontam que um empreendedor baseado em Brasília tentou dissimular bens de luxo ao estacioná-los em um centro comercial da cidade, pouco antes de uma grande ação policial voltada a desmantelar irregularidades bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com as apurações, Fernando Cavalcante, também conhecido como Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, teria posicionado uma Ferrari de cor vermelha e duas Mercedes em um estacionamento de alto padrão na noite de 22 de abril, imediatamente antes da deflagração da operação no dia seguinte.
Os agentes federais relatam que os automóveis permaneceram no local por oito dias, sendo recolhidos posteriormente por um condutor ligado ao empresário, que é investigado por suposta lavagem de capitais no contexto do golpe. Essa movimentação levantou suspeitas de que informações confidenciais sobre a operação possam ter sido divulgadas indevidamente, motivando a instauração de um novo inquérito para esclarecer o possível vazamento.
Na sexta-feira passada (12), equipes da PF realizaram novas buscas na residência de Cavalcante, onde confiscaram a Ferrari e uma das Mercedes, além de itens de valor elevado, incluindo relógios de marca, garrafas de vinho estimadas em R$ 7 milhões, uma miniatura de veículo de Fórmula 1 e um capacete com assinatura do piloto Ayrton Senna. Apesar das apreensões, o empresário não foi detido no momento.
A ofensiva policial recebeu aval do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, responsável pelo processo. Em paralelo, na capital federal, foi efetuada a prisão de Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “careca do INSS”. As provas indicam que ele teria desembolsado R$ 9,3 milhões em subornos a funcionários públicos para viabilizar reduções indevidas em benefícios como aposentadorias e pensões. A equipe de defesa do acusado anunciou que buscará sua soltura por meio de recursos judiciais.
Em maio deste ano, a PF já havia capturado outros automóveis de luxo pertencentes a Antunes, sob a alegação de que ele planejava comercializá-los para encobrir ativos ilícitos.
No estado de São Paulo, outra detenção ocorreu: Maurício Camisotti, acusado de gerenciar companhias conectadas à rede de fraudes. Seus advogados contestam a medida, argumentando falta de fundamentos para a custódia.
Durante as diligências na moradia do advogado Nelson Wilians, outro foco da investigação, os policiais descobriram dois fuzis, duas pistolas, R$ 460 mil em dinheiro vivo e diversas peças artísticas. Wilians rejeita qualquer vínculo com as irregularidades e esclarece que sua conexão com Camisotti se restringe a assuntos profissionais.
Conforme informado pela PF, todos os objetos e valores retidos estarão sob guarda judicial, com possibilidade de emprego para reparar danos aos recursos estatais afetados pelo esquema.