Diego Cavalcante Gomes, empresário investigado por envolvimento em um esquema de corrupção que inclui suposta compra de decisões no Superior Tribunal de Justiça (STJ), se entregou à Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (15/5), em Brasília. Ele era alvo de mandado de prisão preventiva expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da 6ª fase da Operação Sisamnes.
Fontes ligadas à investigação confirmaram que outro investigado também se apresentou espontaneamente à PF.
Na véspera, policiais federais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência de Diego, onde foram localizados e apreendidos dois carros de luxo da marca Porsche, incluindo um modelo Cayenne avaliado em até R$ 1 milhão, além de um Volkswagen T-Cross.
Obstrução de justiça e lavagem de dinheiro
Investigado por atuar como operador financeiro de um lobista preso nas fases anteriores da operação, Diego é apontado como integrante de um núcleo que tentava obstruir investigações e interferir no cumprimento de medidas judiciais relacionadas à Operação Sisamnes.
A investigação conduzida pela Polícia Federal revelou um complexo esquema de corrupção, que inclui os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, organização criminosa e atuação no mercado de câmbio paralelo.
A 6ª fase da operação foi deflagrada menos de 24 horas após a realização de buscas em diversos estados, incluindo Mato Grosso, com o bloqueio de aproximadamente R$ 20 milhões em bens e ativos.
Segundo a PF, o grupo operava por meio de empresas de fachada usadas para lavar dinheiro e ocultar o pagamento de propinas, dificultando a identificação dos beneficiários das decisões judiciais supostamente corrompidas.
Decisões do STF
O ministro Cristiano Zanin, relator do caso no STF, determinou o bloqueio de bens, proibição de contato entre investigados e impedimento de saída do país. Conforme decisão do magistrado, há fortes indícios de que o grupo utilizava empréstimos simulados e operações comerciais fictícias para mascarar a devolução de valores ilícitos.
Envolvimento em Mato Grosso
Entre os alvos das fases anteriores da operação está o advogado e ex-presidente da OAB-MT, Ussiel Tavares, e a ex-secretária do também advogado Roberto Zampieri, morto em 2024 em Cuiabá e citado nas investigações.
A seccional da OAB-MT informou que acompanhou as diligências por meio do Tribunal de Defesa das Prerrogativas e que eventuais infrações éticas serão avaliadas pelo Tribunal de Ética e Disciplina. Em nota, a entidade afirmou que tomará as medidas cabíveis caso sejam confirmadas condutas irregulares.