Washington, 18 de abril de 2025 — O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (17) planos para impor novas taxas portuárias sobre navios construídos ou operados por empresas chinesas. A medida, segundo autoridades americanas, tem como objetivo impulsionar a indústria de construção naval doméstica e enfrentar o que chamam de “domínio chinês” no setor marítimo global.
A decisão, oficializada em um aviso publicado pelo Federal Register e assinada pelo Representante Comercial dos EUA (USTR), prevê a cobrança de tarifas com base na tonelagem líquida ou nas mercadorias transportadas por navio, e começará a ser aplicada a partir de 14 de outubro. A implementação será gradual ao longo dos próximos anos.
De acordo com o plano, embarcações de propriedade e operação chinesas pagarão inicialmente US$ 50 por tonelada líquida, com acréscimos anuais de US$ 30 nos próximos três anos. Já navios construídos na China, mas operados por empresas de outros países, serão taxados em US$ 18 por tonelada líquida, com aumento de US$ 5 por ano no mesmo período.
“Navios e transporte marítimo são vitais para a segurança econômica americana e o livre fluxo do comércio”, disse o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer. “As ações do governo Trump começarão a reverter o domínio chinês, enfrentar as ameaças à cadeia de suprimentos dos EUA e enviar um sinal de demanda por navios construídos nos EUA.”
A proposta substitui um plano mais agressivo apresentado em fevereiro, que previa taxas de até US$ 1,5 milhão por escala em portos americanos, e que enfrentou forte resistência da indústria marítima global.
A resposta de Pequim veio rapidamente. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, criticou a decisão, afirmando que se trata de uma medida prejudicial tanto para os EUA quanto para a economia global.
“Isso não só aumenta os custos globais de transporte marítimo e perturba a estabilidade da indústria global, como também pressiona a inflação nos Estados Unidos, prejudicando consumidores e empresas americanas”, afirmou Lin. “Eventualmente, essa política fracassará em revitalizar a indústria naval americana.”
O anúncio amplia as tensões já elevadas na guerra comercial entre os EUA e a China, iniciada durante o governo Trump. Desde então, os EUA elevaram tarifas sobre produtos chineses para até 145%, enquanto a China respondeu com taxas de até 125% sobre produtos americanos.
Apesar do embate, o presidente Donald Trump indicou recentemente abertura para negociações. “Quero acordos comerciais com todos os países, inclusive com a China”, disse o presidente a repórteres na Casa Branca. Ainda assim, reforçou que novas tarifas retaliatórias podem ser interrompidas “porque chega um ponto em que as pessoas não compram mais”.
Autoridades chinesas, por sua vez, afirmam estar dispostas ao diálogo, desde que haja “respeito mútuo” e “reciprocidade” por parte de Washington.
O cenário ainda é incerto, mas especialistas alertam para possíveis impactos na cadeia logística global e no comércio internacional nos próximos meses.